Efeitos da pílula anticoncepcional

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A brasileira toma anticoncepcional há 48 anos. O método chegou ao mercado nacional apenas dois anos depois de ter sido lançado nos Estados Unidos e não demorou muito para que se transformasse num predileto da casa. Mesmo assim, com tantos especialistas prescrevendo, com tantas pacientes aderindo e até com a distribuição gratuita da pílula na rede pública de saúde, ainda há muito que se aprender sobre ela.

Algumas dúvidas são tão recorrentes que se transformaram em verdadeiras lendas dos consultórios. Por exemplo: muitas mulheres acreditam que os comprimidos só fazem efeito a partir da segunda cartela. Outras juram que o anticoncepcional sempre engorda e dá espinha.

Na verdade, quase tudo depende da combinação entre a fórmula da pílula e o organismo de quem a toma. Por isso, existem tantas marcas e tipos – e é exatamente por essa razão que o anticoncepcional só pode ser tomado com prescrição médica.

Anticoncepcional oral engorda, dá espinha e diminui a libido?

As pílulas de última geração têm uma dosagem baixíssima de hormônio e algumas até diminuem a retenção de líquido no corpo. A recomendação é observar se há alteração de peso e, em caso positivo, avaliar com o médico a troca da pílula ou mesmo do método. Quanto à libido, pode haver, sim, uma alteração discreta, dependendo da composição da pílula. No entanto, a segurança de utilizar um método seguro costuma causar o efeito inverso, aumentando o apetite sexual.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

O anticoncepcional só começa a proteger a partir da segunda cartela?

O anticoncepcional começa a fazer efeito assim que seu uso é iniciado. É importante saber a forma correta de utilizar o método: uma cartela comum possui 21 pílulas que devem ser tomadas diariamente, sempre no mesmo horário. Após o último comprimido, a mulher deve fazer uma pausa de sete dias, para menstruar. No oitavo dia, inicia-se uma nova cartela. Em caso de esquecimento, o prazo para tomar o comprimido é de 12 horas. Após esse período, deve-se tomar a pílula esquecida junto com a pílula do dia, no horário correto.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas 

Quem toma anticoncepcional demora mais para engravidar depois?

Não existe efeito cumulativo pelo uso do medicamento – ou seja, não há relação entre o tempo de utilização do método e a dificuldade para engravidar. O que pode acontecer é o disfarce de um problema pré-estabelecido. Muitas mulheres podem ter alguma disfunção que será detectada apenas após a suspensão da pílula.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

O consumo prolongado do anticoncepcional oral pode causar infertilidade?

Não. A infertilidade tem várias causas, a maioria hormonal, que não têm nada a ver com a pílula.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

Antibióticos e álcool cortam o efeito do anticoncepcional oral?

O álcool não tem influência sobre a eficácia dos anticoncepcionais, desde que não provoque vômitos, prejudicando a absorção da pílula. Quanto aos antibióticos, a maioria não apresenta riscos na interação – no entanto é sempre prudente informar ao médico sobre o uso da pílula anticoncepcional, e jamais se automedicar.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

A pílula anticoncepcional dá trombose?

Os anticoncepcionais com componentes estrogênicos podem aumentar o risco de tromboses, principalmente nas mulheres fumantes. Quem toma anticoncepcional combinado (estrógeno + progesterona) não pode fumar. Mas existem outras contraindicações, como hepatite recente, antecedente de trombose, idade, mioma, endometriose, cefaleia, enjoo, vômito e gastrite.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

Anticoncepcional aumenta o risco de câncer?

Dede que as pílulas entraram no mercado brasileiro, há mais de 40 anos, inúmeros estudos foram conduzidos, mas nenhum deles foi conseguiu provar que o anticoncepcional oral aumenta o risco de câncer. Ao contrário, está provado que elas ajudam a prevenir câncer de ovário e de endométrio. Se houver casos de câncer na família, porém, a mulher deve informar o médico, pois cada caso deve ser avaliado antes de iniciar o método.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

Fumantes não podem tomar anticoncepcional oral?

Ninguém deveria fumar, especialmente as mulheres que tomam pílula, pois os anticoncepcionais e a nicotina são vasoconstritores, ou seja, provocam a contração das paredes dos vasos sanguíneos. É importante ressaltar que a nicotina não tira o efeito da pílula anticoncepcional, mas faz muito mal à saúde. Uma alternativa para as fumantes é procurar outras opções de anticoncepcionais, como o DIU ou implantes de progesterona.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

De tempos em tempos, é preciso fazer uma pausa no consumo?

Não existe descanso de pílula, pois se o anticoncepcional oral fizesse mal, não deveria ser tomado nunca. O que se recomenda com as pílulas de baixa dosagem (as tradicionais) é que sejam tomadas enquanto a mulher não pensar em engravidar, não importa se for por um, dez ou 15 anos.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

É preciso trocar de anticoncepcional periodicamente para manter o efeito?

Na verdade, é o organismo que muda com o tempo. Por isso, algumas mulheres acabam apresentando sintomas que antes não tinham. Nesse caso, o método deve ser reavaliado pelo médico. Mas a eficácia da pílula não diminui com o tempo.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas

Após a gravidez, deve-se esperar o fim do período de amamentação para voltar a tomar o anticoncepcional?

A melhor indicação anticoncepcional na fase de amamentação é o uso de progesterona, que não interfere no leite. São as chamadas “mini pílulas”, que devem ser tomadas continuamente, sem pausa entre as cartelas. Esse anticoncepcional pós-parto deve ser indicado pelo médico.

*Fontes: Denise Coimbra e Rita Píspico, ginecologistas