Não é raro que, quando o filho entra em “modo birrento”, os pais perdem a calma junto. E tudo vira um grande terror. Há, porém, estratégias simples que podem desativar esse tipo de situação e incentivar a cooperação entre pais e filhos. Não gritar com a criança é um exemplo.
“Esses chiliques são terríveis mesmo, momentos desagradáveis da rotina, mas são um fato na infância de quase qualquer família”, diz a psicóloga infantil Silvana Almeida, de São Paulo.
“Aqueles com idades entre 1 e 4 anos, é bom lembrar, ainda não desenvolveram boas habilidades de enfrentar frustrações. Eles tendem a simplesmente perder a razão em vez disso”, explica.
E o que, exatamente, desencadeia a birra? “Para as crianças entre 1 e 2 anos, muitas vezes, é resultado da tentativa de comunicar uma necessidade [mais leite, um brinquedo desejado], mas sem habilidade linguística para fazer isso”, diz Silvana.
Para crianças mais velhas, birras são mais uma luta de poder. “No momento em que as crianças completam 3, 4 anos, elas estão conscientes de suas necessidades e desejos – e querem afirmá-los mais. Se o adulto não cumprir? Grande chance de birra.”
Então, como é possível parar essas explosões? Veja 7 alternativas para lidar com isso.
1. Faça a prevenção da birra
Defina, por exemplo, o tempo da brincadeira com seu pequeno e deixe que ele assuma liderança na escolha da atividade. Dê atenção de verdade.
Ter essa experiência positiva compartilhada dá à criança uma base melhor para acalmar na próxima vez que ela ficar chateada.
2. Não tente acalmar forçadamente
Ignore um pouco o chilique (a menos que ele esteja se machucando ou machucando outros, claro). Ao tirar a atenção, você vai tirar o reforço do comportamento indesejável.
Saia da sala por alguns minutos e volte só para verificar dali uns minutos. Se ele(a) começar a bater, chutar, morder ou jogar coisas, pare tudo imediatamente e retire a criança da situação. Deixe claro que ferir a si ou os outros não é aceitável.
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3. Quanto mais a criança gritar, mais suave se deve falar
Seu filho vai subir o volume – porque, em última instância, ele quer te ver envolvido na coisa toda. Se acontecer em local público, leve para fora.
Tente oferecer a opção de sentar em um banco ou no carro enquanto ele se acalma. Para algumas crianças, isso ajuda, porque a falta de controle é justamente a razão da explosão.
4. Tente de verdade entender o motivo
A criança pode usar palavras para lhe dizer o que ela precisa ou quer, mas isso não significa que a birra vai cessar. Lidar com as emoções requer um ajuste – e precisar de ajuda pode ser frustrante para eles, como cumprir a tarefa de amarrar sapatos.
O que começa com raiva, então, vem na verdade da tristeza. Entender a situação, assim, pode ser a luz no final do túnel.
5. Ofereça comida ou descanso
Estar cansado e com fome são os dois maiores gatilhos da birra. Os pais muitas vezes me perguntam por que seu filho está tendo colapso todo dia – e, às vezes, é na mesma hora do dia, antes do almoço ou da soneca, no início da noite. Não é coincidência!
Reveja a rotina, alimente na hora certa, dê um banho mais cedo, conforte.
6. Dê um sorriso
Todo pai tem medo dos julgamentos públicos, claro – que os outros vejam a birra e pensem que aquela criança é uma peste ou os pais são fracos. Focar nisso só nos leva a escolhas erradas.
Crianças, mesmo pequeninas, são inteligentes: quando o adulto fica com raiva e as pessoas comecem a olhar, ele vai aprender isso e pensar “opa, funciona”. A melhor aposta é controlar a si mesmo e lembrar que a única coisa que será julgada, pelos demais e pelos seus filhos, é a sua reação. Sorria para a criança assim que puder, esteja no comando.
7. Abrace firme
Sim, parece a última coisa bacana de fazer quando a criança está enlouquecendo. Mas realmente pode ajudá-la a se restabelecer. E dê um abraço firme mesmo, caloroso, não um abracinho.
Não precisa dizer nada, não é uma batalha de vontades. Abraços fazem as crianças se sentirem seguras e saber que os pais se preocupam com elas mesmo quando não concordam com seu comportamento. Às vezes, eles só precisam de um lugar seguro para descansar suas emoções.
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Revisão técnica
- Prof. Dr. Max Grinberg
- Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
- Autor do blog Bioamigo
Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.