Alimentação vegetariana para crianças é indicada?

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A opção por ser vegetariano atualmente já é muito mais aceita do que há algumas décadas. Além disso, o mercado parece, aos poucos, perceber o aumento no número de pessoas adeptas ao estilo de vida e oferece cada vez mais produtos e restaurantes especializados no vegetarianismo.

Um dos principais dilemas de quem é vegetariano, no entanto, diz respeito à adoção deste estilo de vida junto aos próprios filhos. Com receio de prejudicar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, há quem opte por não adotar o vegetarianismo de forma integral dentro de casa.

Em alguns casos, no entanto, é quase impossível dissociar a alimentação dos pais àquela oferecida aos filhos, seja por motivos religiosos ou até mesmo pelos princípios de cada família.

De acordo com a nutricionista Simone Ferraz, a escolha pelo vegetarianismo acaba sendo uma decisão familiar, influenciada por diversos motivos, inclusive religiosos.

Para ela, é possível que um bebê ou uma criança sejam vegetarianos ao mesmo tempo em que tenham uma alimentação equilibrada e saudável.

“A recomendação é que a criança seja acompanhada por um especialista, pois alguns nutrientes essenciais para o desenvolvimento e crescimento devem ser incluídos através de fontes vegetais ou suplementos, pois crianças vegetarianas alimentadas inapropriadamente, com dietas muito restritivas, apresentam grande risco de deficiência nutricional”, explica.

O essencial, portanto, é o acompanhamento médico. Mas há quem veja problemas na adoção do vegetarianismo para crianças.

Para a endocrinologista Claudia Cozer Kalil, coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtorno Alimentar do Hospital Sírio-Libanês, a principal preocupação está ligada à perda de nutrientes essenciais ao crescimento.

“Não [é positivo que uma criança seja vegetariana], porque vitaminas como ferro, B12 e proteínas precisam ser respostas para evitar falhas no crescimento e desenvolvimento. Ser vegetariano desde cedo necessita acompanhamento nutricional e pediátrico”, ressalta, apontando ainda possíveis riscos para este cenário.

“Carência vitamínica, prejuízo no crescimento estrutural, anemia, enfraquecimento/fadiga, ossos fracos, alterações de mastigação e deglutição”, explica.

A médica ressalta, no entanto, que todos esses problemas dependem do grau de restrição e da falta de supervisão. Ou seja, não irão necessariamente ocorrer com todas as crianças vegetarianas, mas é preciso cuidado.

Simone destaca também que a criança vegetariana poderia desenvolver carência de vitaminais e minerais caso não tenha uma dieta equilibrada. Isso, no entanto, pode ocorrer com qualquer criança que não tenha uma alimentação adequada, independentemente de ser ou não vegetariana.

Dessa forma, a nutricionista aponta os componentes nutritivos que merecem mais atenção e indica onde podem ser encontrados.

– Vitamina B12: encontrada em alimentos fortificados ou suplementos;

– Ômega 3: encontrado no óleo de linhaça ou suplementos;

– Proteína: encontrada nas leguminosas e nas castanhas;

– Ferro: encontrado nos vegetais verde-escuros, no melado-de-cana, nas castanhas e nas leguminosas;

– Cálcio: encontrado nos vegetais verde escuros e gergelim.

Se deseja aplicar o vegetarianismo em seu filho, portanto, não deixe de consultar um médico e/ou especialista. “As dietas vegetarianas, quando atendem às necessidades nutricionais individuais, podem promover o crescimento, desenvolvimento e manutenção adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo de vida”, completa a nutricionista.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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