Cinco principais fatores para a obesidade infantil

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Um dos maiores desafios do século para a saúde pública, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é frear o aumento do número de crianças obesas no mundo, que já chega a 124 milhões. Os impactos da obesidade infantil se estendem por décadas, já que quatro em cada cinco crianças obesas permanecerão assim na fase adulta. Isso colabora para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, pressão alta e problemas cardiovasculares. Saiba quais os principais fatores para a obesidade infantil e o que pais e responsáveis devem fazer para evitá-los.

Quem são as crianças com maior risco de ter obesidade infantil?

Algumas situações logo no início da vida colocam crianças em um grupo predisposto a desenvolver a obesidade. É preciso atenção redobrada para:

  • Filhos de mulheres obesas ou que aumentam de peso durante a gravidez além do recomendado;
  • Bebês que nasceram com menos de dois quilos e meio ou com mais de quatro quilos;
  • Crianças que aumentaram de peso muito rápido durante os primeiros meses de vida;
  • Crianças que aumentaram o índice de massa corporal, fazendo a trajetória inversa da curva normal de crescimento, principalmente entre cinco e sete anos de idade.

Fatores genéticos, hereditários e hormonais e a obesidade infantil

Ao contrário do que muitos pensam, os fatores genéticos hereditários e hormonais não são as principais causas para a obesidade infantil. Juntos, são responsáveis por 10% dos casos. Os outros 90% se devem ao sedentarismo, à má alimentação e ao tempo de sono insuficiente.

Fatores genéticos – são diferentes dos fatores hereditários, que passam de pai para filho. Algumas alterações nos genes são responsáveis por marcar a obesidade grave, que é percebida logo nos primeiros anos de vida. As duas principais mutações em pessoas obesas são nos genes SIM1 e MC4R, que regulam a sensação de fome e saciedade.

Fatores hereditários – crianças de pais obesos têm maior risco de se tornarem obesas do que as crianças com pais que têm peso normal. Se mãe e pai são obesos, os riscos para a criança aumentam 80%. Se só um deles é obeso, as chances caem para 40%.

Fatores hormonais – são mais raros, mas desequilíbrios hormonais, como excesso de insulina, deficiência do hormônio de crescimento, excesso de cortisona e estrógenos desregulados, podem contribuir para a obesidade. Algumas doenças hormonais também são possíveis fatores, por exemplo: síndrome hipotalâmica, síndrome de Cushing, hipotireoidismo, síndrome dos ovários policísticos e hipogonadismo.

Sedentarismo e a obesidade infantil

Tempo na frente das telas – a mudança no estilo de vida das crianças – que há poucas décadas tinham só a televisão e agora contam com computadores, tablets, smartphones e videogames – foi acompanhada do aumento do índice de obesidade infantil. Isso porque o excesso de horas gastas na frente das telas contribui para o estilo de vida sedentário e faz com que as crianças percam o interesse por brincadeiras que gastam mais energia, como jogos de bola, pega-pega, esconde-esconde, gincanas em grupo, bicicleta, entre outras. O tempo em frente às telas deve ser controlado pelos pais e responsáveis e intercalado com tempo de descanso e outras atividades.

  • Crianças até dois anos – o ideal é evitar a exposição a telas;
  • Crianças de dois a cinco anos – limitar o tempo a uma hora por dia;
  • Crianças de seis anos ou mais – deve evitar ultrapassar duas horas por dia, a não ser em casos de tarefas escolares.

Falta de exercícios físicos – de modo geral, para evitar o ganho de peso, o gasto calórico deve ser igual ao consumo. Os exercícios físicos contribuem com 8% a 20% do gasto diário total, portanto são os principais aliados no combate à obesidade, junto com bons hábitos de alimentação. Além disso, os exercícios ajudam a regular os mecanismos do cérebro que controlam a ingestão de comida e provoca alterações em enzimas do corpo que facilitam a queima de gordura. Cerca de 80% de crianças e adolescentes do mundo não praticam as quantidades de exercícios físicos adequadas para cada faixa etária.

  • Crianças de zero a dois anos – bebês devem ser encorajados a engatinhar e/ou se arrastar várias vezes ao dia. Crianças que andam sozinhas devem ser ativas fisicamente durante 180 minutos por dia. Estimule que elas fiquem em pé, se movam, brinquem de rolar, pulem e corram;
  • Crianças de três a cinco anos – devem ficar ativas por 180 minutos por dia, com atividades de qualquer intensidade, que desenvolvam a coordenação motora e alguns esportes. Vale jogar bola, brincar de pega-pega, andar de bicicleta, nadar, dançar e até praticar lutas;
  • Crianças a partir de seis anos – devem praticar, pelo menos, 60 minutos diários de atividades e exercícios moderados a vigorosos. Então, estimule andar de bicicleta, brincar em parques, correr, saltar, praticar esportes e exercícios que favoreçam ossos, músculos e flexibilidade.

Maus hábitos alimentares e a obesidade infantil

Junto com o sedentarismo, a má alimentação é a principal causa da obesidade infantil. O crescente consumo de alimentos processados e ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, além de provocar o aumento de peso, são responsáveis pela diabetes e pelos altos índices de colesterol e triglicérides em crianças. Seis a cada dez crianças com menos de dois anos comem diariamente bolos, biscoitos e bolachas.

A exposição precoce e excessiva ao fast foods e industrializados faz com que a criança não queira experimentar ou até tenha aversão a alimentos saudáveis e naturais. Pais e responsáveis devem adotar hábitos saudáveis:

Amamente – a amamentação ajuda a prevenir a obesidade e garante todos os nutrientes necessários para os primeiros meses da criança. Ela deve ser a fonte exclusiva de alimento até os seis meses, mas pode ser mantida até os dois anos de idade, junto com a introdução de alimentos naturais.

Evite açúcar para crianças de até dois anos – nessa faixa etária, o organismo em formação ainda não está preparado para digerir o açúcar, que pode até prejudicar a absorção de alimentos saudáveis. Sucos artificiais, achocolatados, bolachas, chocolate, refrigerantes, bolos, entre outros, são proibidos. Após essa idade, até podem ser consumidos. Mas esporadicamente.

Não crie gatilhos negativos – não caia na tentação de recompensar a criança com comida. Por exemplo ¿se comer toda a salada, ganha a sobremesa¿. Dessa forma, você está reforçando que a salada é algo ruim e a sobremesa é o máximo. Não supervalorize a ida na lanchonete, por exemplo, para a comida de casa não parecer sem graça.

Dê exemplos – não adianta proibir a criança de comer doces todos os dias ou incentivar tomar suco natural se ela vê os pais bebendo refrigerante e o armário repleto de guloseimas.

Escolha um lugar adequado para a criança comer – resista à tentação de fazer a criança comer a todo custo enquanto ela anda pela sala, brinca ou está distraída. Ela precisa levar as refeições à sério. Então, desligue a televisão ligada e mantenha o celular longe. Se for o caso, deixe a criança pequena interagir com o alimento enquanto come para sentir textura, cheiro e sabor. Pode ser trabalhoso no começo, mas muito positivo em longo prazo.

Poucas horas de sono e a obesidade infantil

Crianças que dormem menos do que devem tem 58% mais chances de se tornarem obesas. Isso porque o sono insuficiente pode desregular os hormônios que controlam o apetite. Cada faixa etária pede um tempo ideal de sono sem interrupções:

  • Bebês entre quatro e 11 meses – 12 a 15 horas de sono;
  • Crianças de um a dois anos – 11 a 14 horas de sono;
  • Crianças de três a cinco anos – dez a 13 horas de sono;
  • Seis a 13 anos – 9 a 11 horas de sono.

   

Fonte: parceiro Qualicorp.

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