Conhecida por dois tipos (HSV-I e HSV-II), a herpes simples é uma doença infecto contagiosa causada por um vírus e está principalmente relacionado com a herpes labial e genital. Quando a doença é manifestada durante a gravidez, causando pequenas bolhas dolorosos pelo corpo, os cuidados devem ser redobrados e com um rígido acompanhamento médico.
Embora a doença geralmente seja incômoda e cause desconforto para muitas mulheres, são sérias as consequências, tanto para o feto quanto para o recém-nascido, causadas pela infecção durante o período gestacional. Para Patrícia Varella, ginecologista e obstetra, as gestantes tem maior facilidade de contrair qualquer doença infecciosa pela redução de seu estado imunológico.
Na maioria dos casos, a herpes pode iniciar em qualquer época da gravidez entre nove semanas e uma semana após o parto, com média de início durante as primeiras 21 semanas de gravidez. Geralmente, a doença pode durar várias semanas, mas pode persistir ainda por vários meses após o nascimento do bebê.
Segundo a ginecologista, o tipo dois da herpes simples – a genital – é responsável por 60 a 80% das infecções neonatais. Existem três padrões clínicos em que a herpes materna pode se manifestar no feto ou recém-nascido:
A forma intra-uterina, causada no primeiro trimestre, é comum a incidência de abortos espontâneos. Depois deste período, as principais causas são a prematuridade no nascimento, microcefalia – retardamento do crescimento da cabeça -, catarata e cegueira. Já a forma assintomática, que não sofre nenhum sintoma, é rara em grande parte dos quadros.
Em 30% dos casos, a forma mais comum da herpes, quando não tratada, pode atingir o sistema nervoso central, podendo causar encefalite – inflamações agudas do cérebro -, que anteriormente se manifestou com febre, apneia – falta de ar durante o sono – e convulsões. Em sua forma mais incomum, mas ainda frequente, é o início dos sinais na primeira ou segunda semana de vida da criança e é causada em ambos os tipos da herpes. As consequências mais recorrentes, neste caso, são a pneumonia e a icterícia.
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Parto normal ou cesárea
Herpes gestacional
De mãe para filho
Cuidados: Prevenção e Tratamento
“Apesar de controversa, existe a indicação de cesárea quando a mulher gestante adquire a herpes genital entre a 34ª semana até o parto”, explica Luiza Keiko, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Regional São Paulo (SBD-SP).
Dessa forma, avalia a dermatologista, a cesárea é indicada quando as lesões herpéticas estão presentes no momento do nascimento, independente do tempo de ruptura das membranas da pele. Para a especialista, esse procedimento diminui muito o risco de transmissão para o recém-nascido.
A via do parto é decidida pela presença ou ausência de lesões genitais na mulher. A ginecologista indica, por recomendação obstétrica e se não há lesão, que o parto pode ser normal. “No caso específico da lactação, a amamentação só é contra-indicada se a mãe apresentar lesão evidente na mama”, afirma Patrícia.
A herpes gestacional é considerada mais grave que uma herpes comum por atacar o feto e pela gestante, por si só, ter uma resposta imunológica mais precária que a mulher fora da gravidez.
Para Luiza, em grande parte dos quadros, a herpes gestacional não deixa sequelas. “O vírus fica no organismo, mas é recorrente, podendo reaparecer novamente”, explica. E quanto à esterilidade, a dermatologista descarta a possibilidade da mulher, após o parto e tratamento adequado, tornar-se estéril.
Já a herpes genital, que é uma doença sexualmente transmissível, possui várias formas de apresentação: a herpes genital primária, manifestada pela primeira vez, a crônica e as formas atípicas e assintomáticas.
“Esse tipo de doença pode ser transmitida pela mãe na gravidez, predominantemente durante o parto normal, pelo contato direto com a secreção genital materna”, explica a dermatologista. Do contágio, continua a médica, pode ocorrer a herpes no recém-nascido, manifestado na pele, olhos e mucosas em 45% dos casos.
De acordo com a ginecologista, a transmissão da doença para o filho ainda dentro do útero pela via de contaminação pela placenta é responsável somente por 5% dos quadros de infecção. Estes casos são mais benignos e podem ser tratados com antivirais o mais precocemente possível.
A infecção genital durante a gravidez possui um risco significativo para o desenvolvimento do feto por dificultar o rápido tratamento. “Muitos recém-nascidos adquirem o vírus de mães assintomáticas sem lesões identificáveis”, esclarece Patrícia. A contaminação congênita pela herpes é de um caso para 20 mil nascidos vivos.
Cuidados: Prevenção e Tratamento
Para a gestante não contrair a herpes, os maiores cuidados que ela deve tomar é fortalecer primeiro o sistema imunológico, por meio de alimentação adequada, prática de atividade física regular e adequada, além de boa qualidade e horas de sono.
O tratamento mais indicado para o herpes genital são os antivirais. “O uso de pomadas antivirais pode melhorar sintomas locais”, explica a dermatologista. Embora sem grandes efeitos na duração das lesões, o uso alivia os sinais de prurido e formigamento.
Outro cuidado é o uso frequente do protetor solar e labial. É essencial evitar o estresse exagerado e jamais fumar nem ingerir bebida alcoólica na gravidez. “O ideal é criar hábitos saudáveis e, acima de tudo, seguir as orientações de um médico”, completa a ginecologista.
Mesmo usando preservativo nas relações sexuais, a gestante pode contrair herpes labial – ou mesmo genital – do parceiro, que já está com a doença, pelo beijo. Portanto, evitar todo o tipo de contato é mais do que necessário.