Após o parto, a mulher passa por um período de transformação em seu corpo que exige cuidados. É preciso descansar, não carregar peso e se alimentar de forma adequada, além de ir a todos os retornos médicos agendados.
Para dar uma ideia do nível de mudanças que ocorrem, a obstetra Lucila Pires Evangelista, explica que o útero demora de seis a oito semanas para retornar ao seu tamanho de antes da gravidez. Durante esse período, seu peso diminui de um quilo para 60 gramas.
Quando o útero contrai e diminui de tamanho, todo o sangue que estava dentro dele volta para corrente sanguínea. Desta forma, pode haver inchaço dos pés e mãos, principalmente na primeira semana depois do parto, voltando ao normal em seis a oito semanas.
Nos três primeiros dias depois do nascimento, as contrações uterinas provocam cólicas abdominais, principalmente ao amamentar, devido a liberação de um hormônio que estimula a contração do útero para diminuir o sangramento da cicatrização e regeneração do local em que estava inserida a placenta.
Num primeiro momento, ocorre a saída de sangue avermelhado, que dura aproximadamente uma semana. O volume de sangramento tende a diminuir diariamente. Embora seja comum ter eventos de saída abrupta, os intervalos são cada vez maiores.
Conforme o sangramento diminui, ele se torna mais escurecido, com cor amarronzada, seguida por uma cor amarelada e, finalmente, mais esbranquiçada, costumando cessar seis semanas após o parto, explica a especialista.
E nos primeiros dois a três dias após o parto, as mamas produzem o colostro, um precursor do leite materno, rico em minerais, proteínas, vitamina A e imunoglobulinas. No terceiro ou quarto dia ocorre a formação do leite materno para a amamentação.
A amamentação é muito importante, pois além de o leite materno ser o melhor alimento para o bebê, faz com que o corpo volte mais rápido ao que era antes da gravidez. A mulher sentirá suas mamas crescerem, ficarem quentes e pesadas. Isso pode ser acompanhado de fraqueza, cansaço, mal estar e, eventualmente, febre baixa, alerta a obstetra.
Já o intestino fica mais lento e o aumento do volume da barriga é decorrente do acúmulo de gases. Esse acúmulo é intensificado caso tenha sido cesárea, pois além das alterações hormonais, há o trauma da cirurgia que propicia uma lentidão acentuada do trânsito intestinal.
Isso costuma melhorar bastante após uma semana e o intestino volta ao normal em seis a oito semanas. Para melhorar, uma boa dica é a caminhar e se movimentar para estimular o intestino a funcionar. Massagens na barriga, ter uma dieta rica em fibras e tomar muita água também ajuda, ensina a especialista.
A privação de sono é uma realidade para quem tem um recém-nascido em casa. Como a criança ainda depende da mãe para tudo, é preciso estabelecer prioridades, pois os cuidados com o bebê estão em primeiro lugar.
Outras questões do cotidiano ficam em segundo plano e devem ser compartilhados com o pai ou outra pessoa da família. O cansaço crônico pode interferir na produção de leite e aumenta a chance de depressão pós-parto. Por isso, toda ajuda é bem vinda para melhorar o bem-estar da mãe e do bebê.
Fazer exercícios ajuda o organismo voltar ao normal e dá ânimo para a mãe. No primeiro mês após o parto o ideal é fazer exercícios leves como alongamentos, ioga e caminhadas, aconselha a doutora Lucila Evangelista.
Depois de exames e liberação do obstetra, a vida sexual pode ser retomada. Isso deve acontecer de 30 a 40 dias após o parto. Com as alterações hormonais, a vagina está mais ressecada e a libido pode estar em baixa.
Referências
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI75890-10498,00.html
http://www.mayoclinic.com/health/labor-and-delivery/MY00330/DSECTION=postpartum-care