Evite os prejuízos que o sol traz aos olhos

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Assim como a pele, os olhos também podem enfrentar problemas quando ficam em contato com o sol sem a devida proteção, inclusive em dias nublados. Anos de exposição à radiação ultravioleta (UV) dos tipos A e B podem causar manchas de senilidade (envelhecimento) na pele ao redor da cavidade ocular, que podem chegar até ao desenvolvimento de cânceres; conjuntivite e lesões na córnea e na retina, entre outros problemas.

“Alguns trabalhos apontam que a radiação UV pode aumentar em até 60% as chances de uma pessoa desenvolver catarata”, alerta o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier (IPB) e realizador de pesquisas sobre a relação da exposição ao sol com os olhos.

Essa radiação ultravioleta não atinge os olhos apenas quando vem diretamente do sol. Queiroz conta de que a neve reflete 85% dos raios, superfícies vegetadas (como a grama), 35%, a água reflete 20% e a areia, 10%. E mais: em estudo feito em 2005, o médico constatou que menos de 1% dos brasileiros conhecia os riscos da exposição dos olhos ao sol e mais de 50% dos óculos escuros, a mais eficiente proteção para os olhos, não possuía filtros contra radiação UV.

“Para proteger a pele passa-se filtro solar, já para os olhos, precisa usar óculos com filtro, que vai absorver essa radiação. E o filtro precisa ser de boa qualidade (veja abaixo como identificar), não se pode comprar em camelôs a dois, três reais”, explica o oftalmologista Luiz Carlos Portes, membro do Conselho Consultivo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO).

É importante lembrar que os horários em que o sol deve ser evitado para não causar riscos à pele (entre 11h e 17h) também funcionam com relação aos olhos. E Queiroz aponta outras maneiras de proteção contra a radiação UV:

  • Chapéus, viseiras e bonés com a aba voltada para frente;
  • Roupas de tecidos sintético e cores escuras. Tecidos tratados para bloquear raios solares chegam a oferecer 90% mais proteção;
  • Para os recém-nascidos, deve-se colocar uma fraldinha para proteger os olhos sob o sol;
  • Filtros solares com graus de proteção e em quantidades adequadas. Mas, cuidado: “os protetores têm química que pode irritar os olhos, causar alergia. O melhores protetores são os fisiológicos, geralmente os infantis, que têm menos conservantes”, explica o oftalmologista.

Outra questão importante: como os problemas causados pelo sol aos olhos são cumulativos, é preciso fazer uma avaliação médica com frequência. “Deve-se ir ao oftalmologista uma vez por ano, especialmente quem trabalha em áreas de risco (ao ar livre, por exemplo). É o ideal, principalmente quando a idade vai avançando, pois algumas patologias têm maior probabilidade de surgir”, orienta Portes.

Saiba identificar se os óculos escuros têm filtros de proteção contra raios UV

O método mais eficiente de proteção contra o sol são os óculos escuros, que precisam ter filtros contra os raios UVA e UVB. “É uma película que bloqueia até 99% dos raios. O fato dos óculos serem escuro não quer dizer que têm filtro. E mais, um produto que não tem essa proteção causa maiores problemas, porque faz com que a menina dos olhos dilate mais, proporcionando entrada maior de radiação. Óculos transparentes com filtro, às vezes, filtram muito mais os raios que chegam aos olhos”, explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto.

Devido ao perigo que lentes sem filtro trazem aos olhos, é preciso atenção quanto ao local da compra dos óculos. ”Deve-se ir a casas de confiança e, se houver dúvidas, certos aparelhos confirmam a capacidade de proteção da lente. As óticas e oftalmologistas, no geral, contam com essa tecnologia. Mas também é possível identificar sem o aparelho, basta colocar a lente sob luz intensa e observar se tem quebra da luminosidade”, orienta o oftalmologista Luiz Carlos Portes.

O conselheiro da SBO ainda chama a atenção para uma questão que costuma passar despercebida, a armação dos óculos também deve ser bem escolhida: “é importante porque, se a radiação vem lateralmente, a armação fina não a bloqueia. A lente está na frente dos olhos, mas os raios podem entrar pelos lados e, portanto, a armação tem que ser maior”.

Com relação às lentes de contato, Queiroz afirma que 90% já contam com proteção contra radiação UV. “O ideal, porém, é que mesmo com a lente, coloque-se óculos para proteger os olhos”, completa Portes.

Crianças e idosos são mais vulneráveis à radiação ultravioleta

Todos devem proteger os olhos com relação aos raios solares, mas, existem casos em que a necessidade é ainda maior, conforme explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Trata-se de pessoas que trabalham no campo, esquiadores, pescadores e profissionais da natação, aviadores, alpinistas, operadores de alto forno, sopradores de vidro, soldadores,  técnicos de laboratório e fotógrafos que trabalham com UV artificial (como luz negra).

Segundo o oftalmologista, crianças são mais vulneráveis à radiação UV porque têm a pupila mais dilatada e menos pigmento no olho. O cristalino e a córnea delas também são menos eficientes na filtração. Até os 10 anos de idade, deve-se optar por chapéus, bonés ou viseiras para a proteção ocular, e não óculos escuros. Isso porque a visão ainda está em formação.

Queiroz ainda ressalta que idosos também entram nesse grupo de risco, bem como os albinos, devido à falta de pigmentação.

Mulheres têm conhecimento dos riscos, mas não protegem olhos contra o sol

Em abril de 2010, foram divulgados os resultados de uma pesquisa que o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto fez, em parceria com o Ibope, para avaliar como as mulheres lidam com a relação entre o sol e os olhos. O estudo constatou que 95% delas acreditam que o principal fator de envelhecimento da pele ao redor dos olhos é a luz solar, 83% crêem que lentes com proteção atuam contra essa questão e, para 97%, a radiação UV causa problemas oculares.

Mas, se há informação, falta ação. “Só 8% delas, quando vão à praia, usam óculos escuros. A maioria, 60%, vai à praia sem proteção de óculos, seja de grau (com filtro) ou de sol. Elas sabem dos problemas, mas não usam proteção. Falta um pouco de conscientização”, conclui Queiroz.