Ainda de causa desconhecida, o lúpus é uma doença autoimune, ou seja, isso acontece quando o próprio sistema imunitário do portador passa a agredir os órgãos do corpo. Mais prevalente em mulheres jovens, entre 15 e 45 anos, seu componente genético é fundamental, mas o fator de risco conhecido é hormonal, e está relacionado com o hormônio estrógeno – produzido em maior quantidade na fase reprodutiva feminina. Existem, ainda, os fatores de risco infecciosos (o distúrbio pode se desenvolver após infecções graves ou uso de medicamentos como antibióticos) e os ambientais, quase sempre desencadeados após longos períodos de exposição solar.
Como o lúpus não tem cura, o mais importante é saber lidar com a doença, prevenir seus surtos e a mantê-la em controle pelo resto da vida.
Diagnóstico e tratamento
“Leva-se tempo para diagnosticar o lúpus em razão dos sintomas amplos, relacionados a uma série de outras doenças: febre, cansaço excessivo, perda de apetite, emagrecimento, úlceras na boca, dores articulares, podendo culminar com manchas vermelhas nas maçãs do rosto”, explica Thiago Bitar, reumatologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
É sempre aconselhado, claro, consultar um médico especialista de acordo com o tipo de sintoma e órgão afetado. E então o profissional certifica-se da doença e se é o caso de usar anti-inflamatórios, corticoides, imunossupressores – e como controlar os efeitos benéficos e os efeitos colaterais que possam surgir com os remédios, ajustando doses. “A pele é o órgão mais acometido, mas a doença pode atacar as células do sangue, músculos e articulações, os sistemas gastrointestinal e cardiovascular, podendo ser fatal quando atinge o coração, pulmão e rins”, alerta.
Cuidados com a pele
As lesões típicas incluem o rash malar (vermelhidão que encobre as bochechas, em formato de asa de borboleta) e o lúpus discóide (forma limitada à pele sem repercussão em outros órgãos), que aparece em forma de placas avermelhadas, bastante inflamadas tanto no rosto, pescoço e couro cabeludo ¿ podendo causar feridas, cicatrizes e até a perda definitiva de cabelo.
Como a pele dos portadores é bastante sensível, principalmente a queimaduras e manchas provocadas pelos raios ultravioletas, a melhor forma de se proteger é cobrir a região afetada e evitar a exposição solar.
É importante lembrar que usar protetor solar diariamente, mesmo que o dia não esteja ensolarado, além de chapéu, óculos escuros e roupas longas, também evita desencadeamentos mais graves como o câncer de pele. Essa dica vale para todo mundo.
Como levar uma vida ativa
Quando o lúpus é tratado na fase inicial, sem maior comprometimento aos órgãos vitais, os medicamentos garantem o controle da doença. Na prática, a pessoa fica livre dos sintomas e mantém as atividades cotidianas normalmente.
Mesmo assim, as recomendações médicas reforçam os hábitos saudáveis: exercícios físicos regulares, fugir do sol, não fumar, controlar o consumo de bebidas alcoólicas, manter o peso ideal, evitar o uso de anticoncepcionais à base de estrogênio e priorizar uma dieta saudável.
Aposte nos ingredientes ricos em ômega 3, como os peixes (salmão, atum, sardinha e truta) e nos alimentos antioxidantes, como frutas vermelhas e vegetais verde escuros, nozes e castanhas. Investir nas versões orgânicas e integrais e beber bastante água todos os dias são outras boas dicas para auxiliar no controle da doença.
Revisão técnica
- Prof. Dr. Max Grinberg
- Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
- Autor do blog Bioamigo