O Alzheimer afeta a memória, o cérebro e a convivência social

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O Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro de origem genética. O órgão, a partir de certa idade (geralmente na sexta década de vida), sofre depósitos de substâncias comuns ao envelhecimento, mas, devido ao problema, o processo acontece numa velocidade muito maior. Esse acúmulo passa a atrapalhar a função dos neurônios (podendo levá-los à morte) e afetar a saúde dos vasos sanguíneos cerebrais.

O problema é o mais comum das doenças cerebrais em pessoas idosas, com incidência de 50% a 60% das pessoas acima de 60 anos. “O Alzheimer afeta o cérebro de forma progressiva, com a perda gradual da memória e de outras funções como o raciocínio, o pensamento, a linguagem e a atenção”, explica Viviane Abreu, terapeuta e presidente da Associação Brasileira de Alzheimer e de Doenças Similares (ABRAz).

A evolução da doença aponta perdas de memória de curta duração (dificuldade de manter na lembrança eventos recentes do dia-a-dia). O paciente passa a necessitar de ajuda para se vestir, comer, tomar banho etc. Isto porque, nas fases avançadas, eles também costumam apresentar problemas significativos de comportamento, como a agitação psicomotora.

“O paciente pode começar a ter limitações físicas que aumentam as chances de complicações infecciosas e vasculares, que podem levar à morte”, afirma Ricardo Afonso Teixeira, neurologista e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília (ICB).
 

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O envelhecimento e o Alzheimer
O Alzheimer também apresenta caráter hereditário
Como é feito o diagnóstico e o tratamento do Alzheimer
Cuidar melhor da saúde reduz alterações cerebrais associadas ao Alzheimer

O envelhecimento e o Alzheimer

O envelhecimento natural provoca discretas mudanças no desempenho cognitivo após os 50 ou 60 anos de idade, muitas vezes só detectáveis através de testes rigorosos. “Na maioria das vezes, porém, as queixas de memória de um idoso têm mais relação com quadros de ansiedade, depressão, transtornos do sono e com o estresse do dia a dia, do que com doenças cerebrais propriamente ditas”, esclarece o neurologista Ricardo Teixeira.

À medida que envelhecem, muitos pacientes começam a ter queixas de memória de forma mais intensa, podendo evoluir para a demência, que é a agressão a diversas dimensões do pensamento, comprometendo a capacidade do indivíduo realizar suas atividades habituais.

Teixeira afirma que a doença de Alzheimer é considerada a principal causa de demência. “Entre o envelhecimento cerebral normal e a demência, podemos encontrar pessoas que estão no meio do caminho, e essa é uma condição chamada de transtorno cognitivo leve”, esclarece o especialista.

Idosos com transtorno cognitivo leve podem apresentar dificuldades significativas de memória sem que isso atrapalhe de forma expressiva suas atividades diárias. A maioria das pessoas com o problema apresentarão demência no futuro. A cada ano, cerca de 15% dos idosos com este diagnóstico evoluirá para demência, comparado a menos de 1% para daqueles sem o problema”, diz Teixeira.

O médico conta, ainda, que a doença afeta cerca de 35 milhões de pessoas no mundo e que, com o crescente envelhecimento da população, essa cifra deve dobrar a cada 20 anos.

O Alzheimer também apresenta caráter hereditário

Dois tipos de doença de Alzheimer já podem ser identificados, explica a terapeuta Viviane Abreu:

  • Doença de Alzheimer familiar (5% dos casos), que pode ter um caráter hereditário. Vários membros de uma mesma geração são afetados;
  • Forma esporádica (95%), na qual o fator hereditário pode não ser o risco principal, pois a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de fatores.

A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a Doença de Alzheimer. No entanto, não há como prever se uma pessoa pode desenvolver ou não a doença, apesar do aumento da probabilidade em duas ou três vezes para quem tem um familiar de primeiro grau com o problema.

“Aqueles que apresentam a doença antes dos 75 anos têm uma sobrevida de cerca de 8 anos. Quando o diagnóstico é feito em idades mais avançadas, essa média é menor”, afirma o médico Ricardo Teixeira.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento do Alzeheimer

Hoje, popularmente, todo mundo sabe o que é Alzheimer, mas isto não garante diagnóstico e tratamento corretos e adequados e, mais importante, no tempo certo. “Quando as pessoas em volta reconhecem que seu ente querido está com dificuldades de memória, pode ser que a doença já tenha se agravado sem diagnóstico, medicamentos e tratamentos específicos”, alerta Viviane Abreu, presidente da ABRAz.

O diagnóstico é feito por meio de entrevista com o paciente e pessoas próximas, para definir se as queixas cognitivas sugerem um quadro de demência. Se positivo, espera-se apontar qual tipo de demência é a mais provável. “Exames de neuroimagem, de eletrofisiologia e de sangue são realizados para descartar outras causas de demência”, conta o neurologista Ricardo Teixeira.

“É importante que pessoas com queixa de memória compareçam à consulta médica acompanhadas de um familiar próximo que ajude a relatar ao médico as dificuldades atuais, em que aspectos os pacientes não conseguem ter um bom desempenho e suas mudanças de comportamento ou de humor, mesmo que essas apareçam somente em situações não familiares”, aconselha a terapeuta.

Os medicamentos utilizados no tratamento não mudam o processo natural da doença. “Na verdade, eles permitem que os pacientes apresentem uma certa melhora quando iniciam a medicação, mas não impedem o curso progressivo da doença. Por isso, novas estratégias têm sido estudadas com a intenção de impedir o processo degenerativo, até mesmo uma vacina com esse fim”, revela o médico.

A parte não medicamentosa do tratamento inclui o chamado treino das funções cerebrais ou exercícios cognitivos (de memória, de atenção etc.) realizados com a ajuda de profissionais especializados e com formação específica em Reabilitação, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. As orientações também incluem o cuidador do doente, para lidar melhor com o problema.

Cuidar melhor da saúde reduz alterações cerebrais associadas ao Alzheimer

Alguns fatores podem influenciar no fato do Alzheimer se manifestar e se aparecerá mais cedo ou mais tarde. “Uma das principais atitudes que protegem o cérebro é a criação e manutenção de uma boa reserva cerebral: estimular o órgão a criar muitas conexões entre os neurônios ao longo da vida. Isso significa manter-se ativo do ponto de vista intelectual. E a estimulação do cérebro não se dá apenas através de estudo e trabalho, mas também por meio de atividade de lazer”, orienta Ricardo Teixeira.

Cuidar bem dos vasos cerebrais também incrementa a reserva cultura do indivíduo e age diretamente na redução das alterações cerebrais associadas à Doença de Alzheimer. Para isto é indicado:

  • Não fumar (cigarro e maconha);
  • Praticar atividade física;
  • Reduzir o estresse;
  • Controlar as alterações do colesterol, diabetes ou hipertensão arterial;
  • Consumir álcool com moderação;
  • Ter uma dieta saudável: consumir grãos integrais e, pelo menos, cinco porções de frutas e verduras; não exagerar na gordura animal, gordura trans e no sal; não deixar de comer as gorduras saudáveis, especialmente as castanhas, o azeite de oliva e os peixes ricos em ômega-3 e não consumir mais calorias do que se gasta, para manter o peso controlado.