Os Jogos Paralímpicos do Rio, somado ao bom desempenho dos atletas brasileiros, vem fazendo o público olhar com outros olhos para os atletas com deficiência. Porém, ainda é um tema pouco discutido.
Para nos aprofundarmos no assunto, falamos com o preparador físico do Instituo Reação, Josué Moraes, que contou com a ajuda da doutora em Educação Física Mariana Pimentel Gomes, e tirou algumas dúvidas em relação aos esportes para pessoas com deficiência.
Qualicorp Explica: Além das fisioterapias, praticar algum tipo de esporte auxilia no bem estar da pessoa com deficiência?
Josué Moraes: Certamente, após o período de reabilitação, o esporte traz inúmeros benefícios às pessoas com deficiência, relacionados não somente à parte física, mas também psicológica e social.
QE: Quais são as diferenças entre uma competição de judô olímpico e paralímpico?
Josué: A competição paralímpica segue os mesmos padrões olímpicos, com pequenas adaptações que permitem aos atletas igualdade de competição. Os atletas possuem deficiência visual e estão divididos em 3 classes (B1, B2 e B3, onde o B1 é o cego total e os B2 e B3 atletas com baixa visão). O B1 possui um círculo vermelho costurado nas mangas do kimono para que os árbitros possam identifica-lo. Os atletas iniciam com a pegada feita e não há punições para saída da área de luta.
QE: Você acredita que a cobertura jornalística em torno das Paralimpiadas está adequada?
Josué: Obviamente a cobertura é diferente da olímpica e a TV aberta transmite muito pouco ou nenhum esporte. Comparada a outras edições dos Jogos sempre há um aumento na quantidade de imprensa credenciada (apesar de não ter esses números com precisão no momento).
QE: Como estimular uma maior adesão ao esporte entre pessoas com deficiência física?
Josué: Sediar os Jogos Paralímpicos é uma grande oportunidade para o país inspirar as pessoas com deficiência para a prática esportiva, além de ser uma possibilidade de mudança de percepção da sociedade em relação à deficiência, o foco passa a ser nas potencialidades dos atletas e naquilo que são capazes de conquistar. O público que presencia essa experiência se modifica, se entusiasma e olha o esporte paralímpico de outra maneira.
QE: Você acha que no Brasil, as academias e os clubes oferecem a estrutura necessária para formar um atleta paralímpico?
Josué: Depende. Muitas vezes os atletas com deficiência podem vivenciar dificuldades em relação ao ambiente que estão, por falta de preparo dos profissionais, acessibilidade, investimento. Entretanto isso varia de estado para estado, cidade para cidade. Uma cidade acessível, por exemplo, facilita a vida do atleta que pode exercer seu direito de ir e vir sem necessariamente depender de alguém. O mesmo vale para a estrutura dentro dos clubes e academias. Quando as desvantagens que um meio despreparado gera são minimizadas, o potencial dos atletas entra em evidência. O Comitê Paralímpico Brasileiro é uma organização em crescente desenvolvimento com um modelo de gestão admirado mundialmente, isso contribui muito para a formação dos atletas paralímpicos.
QE: Existem esportes que são mais adequados para determinados tipos de deficiência? Por exemplo: qual seria o esporte mais adequado para um cadeirante? Ou para um deficiente visual?
Josué: Os esportes paralímpicos possuem regras e classificações que determinam quais tipos de deficiência competem por esporte, atletas com deficiência visual . Entretanto, fora de Jogos Paralímpicos, todos os esportes podem ser possíveis, dependendo das adaptações e possibilidades que os professores e treinadores podem criar. Existe um mundo de oportunidades que não se limitam à deficiência.
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