Neste mês de maio, o Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) terminou a terceira e última fase de testes da vacina. Nesta última etapa, participaram crianças de 2 a 6 anos de idade – adolescentes de 7 a 17 anos, e adultos de 18 a 59 anos participaram da segunda e primeira fase, respectivamente.
Totalmente segura, a vacina, feita com vírus enfraquecido, passou por testes clínicos nos Estados Unidos antes de o Instituto Butantan obter a licença. A imunização é tetravalente, ou seja, age contra os quatro sorotipos de dengue: DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4, e promete prevenir a doença – que até abril desse ano pode ter afetado mais de 450 mil pessoas, conforme relatório do Ministério da Saúde.
No ano passado, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti atingiu 1,4 milhão de pessoas e provocou 602 óbitos. “Estamos otimistas com a vacina brasileira, mas o processo é longo. Agora aguardamos comprovação do tempo necessário para medir eficácia e, posteriormente, ser enviada aos órgãos reguladores, para aprovação” explica o diretor do Butantan, Dimas Covas, ao site Coração e Vida.
Eficácia da vacina:
O tempo mencionado pelo diretor depende de alguns fatores, como, por exemplo, de questões epidemiológicas favoráveis, como a circulação dos quatro subtipos de vírus da dengue no país. Todos os voluntários participantes dos testes da vacina precisam ter tido contato com os quatro subtipos de vírus, a fim de comprovar a eficácia do imunizante. Tal processo leva tempo.
Vacina francesa tem restrições
No início de maio, a Agência Reguladora dos Estados Unidos para Alimentos e Medicamentos (FDA) aprovou, com restrições, o uso no país da primeira vacina contra a dengue. Conhecia por ‘Dengvaxia’, do laboratório francês Sanofi Pasteur, o imunizante estava sendo aplicado somente em pessoas residentes de áreas onde a doença é epidêmica – e que já tenham sido infectadas. Segundo o jornal The New York Times, a decisão do FDA foi tomada depois de o laboratório Sanofi ter admitido que a vacina pode provocar a forma mais grave de dengue – se aplicada em pessoas que nunca foram contaminadas pela doença.
A francesa Sanofi distribui o imunizante para o Brasil desde 2015, vendido em clínicas particulares. Por isso, os esforços na criação e agilidade para o lançamento da vacina brasileira são visto com bons olhos – uma vez que é totalmente segura e não há indícios de reações adversas. Vale lembrar que as vacinas são preventivas e não descartam a necessidade de reforçar os cuidados básicos contra o foco dos mosquitos nas residências. “Sabemos que 80% dos focos de dengue são residenciais. Esta realidade precisa mudar”, enfatiza Uip.
Revisão técnica
- Prof. Dr. Max Grinberg
- Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
- Autor do blog Bioamigo
Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.