Quem costuma ir aos supermercados certamente já se deparou com versões de produtos que, em tese, seriam mais benéficos em relação aos tradicionais. Veja aqui se vale trocar açúcar e sal pela versão light.
De acordo com a nutricionista Paula Mintz Hertel, ambos os produtos podem ser consumidos, mas de forma discriminada. A simples adoção do termo “light” em suas composições não é suficiente para indicar que o consumo de sal e/ou açúcar não precisa respeitar limites.
A nutricionista explica que o sal light nasce da mistura de cloreto de sódio e cloreto de potássio, em graus que podem variar de meio a meio até a um terço/dois terços, respectivamente. Isso garante que, nesta versão, o sal light terá menor teor de sódio do que o tradicional usado na cozinha.
“Este sal constitui uma alternativa com benefícios comprovados para a redução da ingestão de sódio e aumento da ingestão de potássio. No entanto, indivíduos com restrição ao consumo de potássio, como aqueles com doenças renais, devem evitar seu consumo”, explica.
A especialista avalia que qualquer alteração no consumo de sal (e também de açúcar) deve ser acompanhada por um profissional capacitado. Caso contrário, o paciente correrá sérios riscos de diminuir, de fato, o consumo de determinada substância, e, consequentemente, aumentar a ingestão de outro produto, algo danoso para sua saúde. “É muito importante consultar um médico ou nutricionista antes de substituir o sal. O produto light salga menos que o convencional, [mas] não podemos adicionar uma quantidade maior deste produto em relação ao convencional, pois a quantidade de sódio pode aumentar”, complementa.
Vale lembrar que o excesso de sal – e consequentemente de sódio – é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, doenças renais e câncer gástrico, entre outras.
A nutricionista ressalta ainda que diminuir o consumo de sal na alimentação não é tarefa fácil.
“O mineral não está presente apenas no sal que adicionamos no preparo dos alimentos. Ele também é utilizado em conservas, salmouras e está presente em grande quantidade dos alimentos industrializados prontos para consumo, inclusive nos doces, como biscoitos recheados e bebidas”, explica.
Ou seja, somente trocar a versão tradicional pela light no preparo dos alimentos não é suficiente para trazer benefícios concretos.
A lógica vale também para o açúcar em sua versão light. De acordo com a nutricionista, ele é uma combinação do açúcar refinado comum (sacarose) com adoçantes artificiais, portanto é menos calórico que o açúcar refinado.
Ela explica, no entanto, que a substância light não é a mais indicada para pacientes diabéticos ou para aqueles em processo de emagrecimento.
“É essencial o acompanhamento de um nutricionista para orientar qual é a melhor opção, pois hoje temos no mercado inúmeros tipos de adoçantes [artificiais e naturais] com diferentes palatabilidades. Existem alternativas também ao açúcar refinado como, por exemplo, o açúcar mascavo, demerara, de coco, mel, melado, agave”, completa.
A melhor alternativa, no entanto, é estimular a utilização dos alimentos em sua forma mais íntegra, evitando sempre que possível adoçar, seja com adoçante ou açúcar. Sem o devido acompanhamento médico, a substituição do açúcar e/ou do sal por suas versões light poderá ser, na verdade, “um tiro no pé”.
E ai, o que acha? Vale trocar açúcar e sal pela versão light?
Revisão técnica
- Prof. Dr. Max Grinberg
- Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
- Autor do blog Bioamigo
Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.