Vasectomia é um método seguro

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Culturalmente, a mulher ainda é vista como a responsável pelos métodos contraceptivos, utilizando pílulas, DIU, fazendo laqueadura ou, até mesmo, exigindo que seu parceiro use a camisinha. Entretanto, do ano 2000 até 2009, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento de mais de 450% de homens que procuram a rede pública para realizar a vasectomia.

Embora em números absolutos o total de homens que optam pelo método de esterilização pelo SUS ainda seja baixo, segundo dados do Ministério da Saúde (34.144 em 2009), o aumento indica claramente uma maior participação masculina no planejamento familiar.

Entretanto, existem vários mitos que ainda cercam o método de esterilização masculina, como impotência sexual, fim da ejaculação e mutilação do órgão sexual. Nenhum deles corresponde à realidade e a vasectomia é uma intervenção extremamente simples, realizada em ambulatório, sem internação e de recuperação muito rápida.

Mas, ainda que as vantagens sejam inúmeras e a possibilidade de reverter a vasectomia em caso de arrependimento existir, o sucesso da reversão não é garantido e as chances também diminuem com o passar dos anos. Por isso, no Brasil existe uma série de exigências legais para que um homem possa se submeter ao procedimento.

Links

  • Reversão da vasectomia requer cirurgia mais complexa
  • Exigências legais para a vasectomia
  • Como é feita a vasectomia
  • Mitos e verdades sobre a vasectomia

Reversão da vasectomia requer cirurgia mais complexa

Além de a reversão requerer um procedimento cirúrgico mais sofisticado, com internação hospitalar, não há certeza de que o homem volte a ser fértil. Mesmo realizada poucos anos depois da esterilização, o sucesso da vasovasostomia não é 100% certo.

Segundo Oskar Kaufmann, doutor em urologista, especialista em cirurgia robótica e integrante do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, nos Estados Unidos, onde a procura pela vasectomia é bem maior – 600 mil homens por ano -, 5% deles retornam para reversão.

O percentual não parece alto, mas significa que 30 mil homens nos EUA buscam o procedimento de reversão, conhecido como vasovasostomia. Os motivos são os mais diversos, como um novo casamento, morte de um filho ou melhora da situação financeira.

Exigências legais para a vasectomia

Para que um homem possa se submeter à vasectomia, existem algumas exigências legais:

  • O homem deve ter capacidade civil plena e ser maior de 25 anos de idade, ou, pelo menos, ter dois filhos vivos;
  • É necessário consentimento da companheira caso exista uma sociedade conjugal;
  • Deve ser observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade, que deve ser registrada em documento, e o ato cirúrgico;
  • Durante esse período, será propiciado ao interessado na vasectomia acesso ao serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando a desencorajar a esterilização precoce.

O secretário geral da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), mestre e doutor em cirurgia e professor adjunto de urologia da UFRJ, Giacomo Errico, ressalta a necessidade de um aconselhamento psicológico para mostrar os prós e os contras. ¿É necessário que o homem tenha convicção absoluta para se submeter à vasectomia, que não esteja com a sua capacidade de discernimento afetada por um estado emocional alterado, por exemplo¿, afirma o especialista.

Como é feita a vasectomia

A vasectomia é uma intervenção que pode ser realizada em ambulatório e não exige internação do paciente. De acordo com o urologista Giacomo Errico, as complicações que podem ocorrer são pouquíssimas, apenas alguma possível inflamação, que é facilmente tratada com o uso de medicamentos.

O indivíduo pode voltar para os seus afazeres normais imediatamente. Exceto no caso de atividades pesadas, que só podem ser retomadas depois de três dias. Não é preciso retirar os pontos, pois eles são feitos com um fio que é absorvido pelo organismo.

 

O indivíduo pode voltar para os seus afazeres normais imediatamente. Exceto no caso de atividades pesadas, que só podem ser retomadas depois de três dias. Não é preciso retirar os pontos, pois eles são feitos com um fio que é absorvido pelo organismo.

A cirurgia consiste no corte, na região escrotal, dos canais deferentes, que transportam o esperma dos testículos para a uretra. As duas extremidades são cortadas e amarradas e, com a interrupção dos dutos, o sêmen fica sem espermatozoides.

Errico alerta que, após a cirurgia, para afastar totalmente a possibilidade de gravidez é necessário que haja dez ejaculações no mínimo e que depois seja feito um espermograma para comprovar que não há espermatozoides mais adiante nos canais deferentes. Depois disso, não há mais risco algum.

Mitos e verdades sobre a vasectomia

A vasectomia ainda é um tópico que desperta medos reais em muitos homens por causa de mitos e desinformação, como o receio da impotência sexual após a cirurgia. O urologista Oskar Kaufmann ajuda a desfazê-los.

1. Homens submetidos ao tratamento perdem a masculinidade.

Não é verdade. Não existe qualquer relação entre a vasectomia e a potência e/ou performance sexual do indivíduo. Ela não causa impotência sexual.

2. Após a cirurgia o homem não ejacula mais e perde a libido.

Não há ligação entre vasectomia e diminuição da libido e o homem continuará a ejacular praticamente a mesma quantidade. Grande parte do líquido seminal não vem dos dutos deferentes, mas sim das vesículas seminais. No caso, só não terá mais espermatozoides.

3. Após a vasectomia o homem vai sentir dores no pênis ao transar.

Após o procedimento é comum a percepção de que ¿foi mexido¿, principalmente na região escrotal. Mas não chega a configurar dor. Na relação sexual não haverá qualquer dor peniana, prevalecendo a sensação habitual de prazer.

4. A vasectomia é igual a um processo de castração e o órgão sexual fica mutilado.

A vasectomia é uma operação que se faz geralmente com anestesia local, onde são feitos dois cortes muito pequenos no escroto e não no pênis. Como não envolve esse órgão, não há risco de qualquer tipo de mutilação.

5. Após a vasectomia, o órgão sexual diminui de tamanho.

O pênis não participa desse processo cirúrgico, por isso não ocorre nenhum corte que possa causar qualquer alteração no tamanho ou na sensibilidade do órgão sexual masculino.

6. A vasectomia é irreversível.

Embora seja considerada uma forma permanente de método contraceptivo, existe possibilidade de reversão por meio de um procedimento conhecido como vasovasostomia, que terá mais chances de sucesso se realizada até 10 anos após a cirurgia.

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