Fitoterapia, a prática milenar

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A origem da palavra Fitoterapia deriva do grego therapeia, tratamento, e phyton, vegetal, significando o estudo das plantas e suas aplicações em curas e tratamentos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerada planta medicinal toda e qualquer vegetal, que tenha em um ou mais órgãos, substâncias terapêuticas.

Ao longo de sua história, a humanidade vem utilizando a natureza em prol da alimentação ou proteção e tratamento de doenças. Estudos estimam que desde a pré-história o ser humano utiliza as propriedades curativas das plantas, passando esse forte conhecimento empírico de geração à geração. O primeiro escrito encontrado sobre plantas medicinais datou de 1500 a.C, hoje conhecido como Papiro de Ebers, catalogou uma centena de plantas com finalidades terapêuticas. Indícios encontrados no Egito, Grécia, e ao redor de todo o mundo, comprovam a intima relação do homem com as plantas.

O desenvolvimento da indústria farmacêutica e a produção sintética de princípios ativos levou a importantes descobertas para cura e tratamento de diversas doenças, mas, ao mesmo tempo contribuiu para a desvalorização da medicina tradicional. Visando proteger e promover essa valiosa forma de cuidados, ao final da década de 70 a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou o Programa de Medicina Tradicional, que desde então vem incentivando a formulação de políticas nessa área.

No Brasil, somente em 2006 foi regulamentada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por meio do Decreto n° 5.813. Na época de sua elaboração foi estimado que 25% dos bilhões faturados pela indústria farmacêutica em 1996, foram derivados de medicações a base de plantas, além da grande exportação de produtos naturais para países como Alemanha e Estados Unidos. Reconhecendo a importância dos produtos naturais no desenvolvimento de novas drogas, na economia, e como parte integrante dos cuidados de saúde da população mais vulnerável, a Política Nacional de Fitoterápicos garante acesso seguro e uso racional das plantas medicinais, de forma sustentável protegendo a biodiversidade, e contribuindo para o desenvolvimento produtivo nacional.

A população idosa está entre os maiores consumidores de fitoterápicos atualmente, e devemos lembrar que culturalmente os cuidados tradicionais tais como chás ou preparados de ervas eram a solução mais acessível sendo integrada a formação de diversas gerações, que passaram o conhecimento para filhos, netos,e familiares.

A crença de que fitoterápicos não possuem efeitos colaterais deriva da ideia de naturalidade inofensiva, que não é facilmente rebatida, pois, estudos científicos sobre intoxicação ou efeitos colaterais de plantas medicinais não chegam ao conhecimento da população geral. Em contrapartida, a mídia por meio de propagandas reforça a ideia de naturalidade como sinônimo de segurança medicamentosa, divulgando irresponsavelmente produtos naturais sem abordar seus riscos. Inconscientemente a população também dissemina informações e indicações entre si sobre os fitoterápicos, sem ter o conhecimento adequado ou sem considerar as diferenças entre a saúde de cada indivíduo, e a falta de controle sobre a venda destas medicações atenua o problema.

As alterações fisiológicas ocorridas durante o processo de envelhecimento, modificam a maneira que nosso organismo reage aos medicamentos, aumentando o risco de interações negativas. Pode afetar diversos órgãos, e varia de acordo com idade, função renal do indivíduo, tabagismo, etilismo, uso de múltiplas medicações, entre outros fatores de risco. Além de que determinadas plantas podem ser tóxicas ou inadequadas dependendo de sua função, forma de preparo e estado de saúde.

A fitoterapia é um dos métodos mais antigos de cuidado que perpetuou gerações, e segue com sua importância cada vez mais reconhecida nas políticas públicas. E apesar de sua conexão natural, precisamos sempre buscar orientação de profissionais especializados no manejo das plantas medicinais adequando seus benefícios a real necessidade de saúde em cada pessoa, protegendo do uso indevido ou maléfico dessa prática milenar.

Referências