Toda relação humana é estruturada sobre as dimensões socioculturais, psicológicas e biológicas, características da própria condição humana. Ainda que haja especificidades típicas na relação médico e paciente, ainda assim, ela é, essencialmente, uma relação humana.
Relações sempre estabelecem fronteiras, limites, que visam preservar o que é próprio do não próprio. Protegem nossa singularidade. Ao mesmo tempo, demandam por uma abertura à entrada do outro, ao acolhimento recíproco, ao respeito ao que é diverso, coisas fundamentais à saúde.
Há um algo de paradoxal nas relações humanas como nas fronteiras: funcionam, ao mesmo tempo, como o que separa e une. O enfoque maior no isolamento ao na união é uma decisão fundamentalmente pessoal.
É assim que devemos encarar o recurso da telemedicina. Pode ser usado como uma preciosa oportunidade observação sistemática do paciente, aproximação e acolhimento. Como pode, também, ser usado para potencializar a negligência e a robotização da atuação médica.
A decisão de como usá-la é pessoal. E está intimamente relacionada à forma como são estruturadas as fronteiras e limites individuais. Tais coisas nunca foram e jamais serão determinadas por “Normas e Resoluções”.